Orixás

Dia 15 de Agosto – Dia de Iemanjá

Este dia dedicamos a Rainha do Mar (ODOIÁ, ODOCIABA), um dos Orixás mais conhecidos do Brasil. Não há filho que não faça sua reverência ao por seus pés no mar. Iemanjá é sincretizada na Umbanda e na nossa casa, de acordo com a ritualística vinda dos terreiros do Estado do Rio de Janeiro com NOSSA SENHORA DA GLÓRIA. Neste dia também se comemora, o dia em que a Virgem Santíssima subiu de corpo e alma, aos céus, por isso é conhecido como o dia da Assunção da Nossa Senhora.

O Orixá Iemanjá sincretiza com diversas representações de Nossa Senhora, por representar a grande mãe, provedora e que acolhe os filhos em seus braços, assim como Nossa Senhora sempre acolheu seu filho, Jesus. Também conhecida como Senhora da Calunga Grande (MAR); Senhora da Coroa Estrelada ou Janaina (do tupi-africano), é a deusa do mar e protetora das mães e das esposas. Muitos filhos fazem confusão do dia em que Mãe Iemanjá é homenageada. Por existir uma regionalização no sincretismo adotado pelos escravos e pela devoção as várias Nossa Senhora (incluindo é claro a Virgem Maria), existem vários festejos a este Orixá no decorrer de um ano.

Em São Paulo, a maior comemoração é no dia 8 de dezembro, na Praia Grande, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina a comemoração é no dia 2 de fevereiro, onde Iemanjá é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes. As cerimônias são comumente feitas à beira-mar, no litoral gaúcho, mas também ocorrem em rios, como no Rio Guaíba em Porto Alegre- RS. Em Santa Catarina é comemorado anualmente na Praia Central de Balneário Camboriú. No Rio de Janeiro a festa de Iemanjá também é comemorada no dia 29 de dezembro, dois dias antes do ano novo, para evitar um maior congestionamento nas praias e ruas. Em Salvador, ocorre anualmente, no dia 02 de fevereiro, dia de Nossa Senhora da Candeia, uma das maiores festas do país em homenagem à Rainha do Mar. A celebração envolve milhares de pessoas que, trajadas de branco, saem em procissão até à foz do rio Vermelho, onde depositam variedades de oferendas, tais como espelhos, bijuterias, comidas, perfumes e toda sorte de agrados. Em 08 de dezembro, ocorre a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia. Nesse dia, feriado municipal em Salvador, também é realizado, na praia da Pedra Furada, no bairro do Monte Serrat (também chamado Boa Viagem), a festa do presente de Iemanjá, manifestação popular que tem origem na devoção dos pescadores locais. Na capital da Paraíba, a cidade de João Pessoa, o feriado municipal consagrado a Nossa Senhora da Conceição, 08 de dezembro, é o dia de tradicional festa em homenagem a Iemanjá.

Embora sejam representadas de maneiras diferentes, a Assunção da Nossa Senhora, trata-se da mesma festa litúrgica em que a Igreja celebra a glorificação de Maria, quanto assunta ao céu, coroada como Rainha da Glória. Por isso, ela é representada trazendo uma coroa na cabeça, um cetro na mão e nos braços o Menino Jesus. Sua devoção chegou até nós pelos colonos portugueses, que em 1503, construíram em Porto Seguro – BA, a primeira igreja a ela dedicada.

Maria aparece pela última vez nos escritos do Novo Testamento no primeiro capítulo dos Atos dos Apóstolos: ela está no meio dos Apóstolos, em oração, no cenáculo, aguardando a descida do Espírito Santo. A concisão dos textos inspirados opõe-se a abundância das informações sobre Nossa Senhora nos escritos apócrifos, especialmente o Proto-evangelho de Tiago e a Narração de São João, o teólogo, sobre a “DORMITIO” (passagem da Santa Mãe de Deus). O termo Dormitio é o mais antigo que se refere ao desfecho da vida terrena de Maria. O Dormitio de Maria foi decretado como celebração no Oriente no século VII, com um decreto do Imperador Bizantino Maurício. No mesmo século a festa da Dormitio (passagem para outra vida), foi introduzida também em Roma por um Papa oriental, Sérgio I. Mas passou-se um século antes que o termo Dormitio cedesse lugar àquele mais explícito de “ASSUNÇÃO”.

A definição dogmática, pronunciada por Papa Pio XII em 1950, declarando que Maria não precisou aguardar, como as outras criaturas, o fim dos tempos para obter também a ressurreição corpórea, quis pôr em evidência o caráter único da sua santificação pessoal, pois o pecado nunca ofuscou, nem por um instante, o brilho de sua alma. A união definitiva, espiritual e corporal do homem com Cristo glorioso, é a fase final e eterna da redenção. Assim os santos, que já tem a visão beatífica, estão de certo modo aguardando a plenitude final da redenção, que em Maria já havia acontecido com a singular graça da preservação do pecado.

À luz desta doutrina que tem fundamento na Sagrada Escritura, referindo-se ao primeiro anúncio da salvação messiânica dado por Deus aos nossos progenitores após a culpa, apresenta Maria como a nova Eva, intimamente unida com o novo Adão, Jesus. Jesus e Maria estão realmente associados na dor e no amor para expiarem a culpa dos nossos progenitores. Maria é, portanto, não só Mãe do Redentor, mas também sua cooperadora, a ele intimamente unida na luta e na decisiva vitória. Essa íntima união requer que também Maria triunfe, como Jesus, não somente sobre o pecado, mas também sobre a morte, os dois inimigos do gênero humano. Como a redenção de Cristo tema a sua conclusão com a ressurreição do corpo, também a vitória de Maria sobre o pecado, com a Imaculada Conceição, deve ser completa com a vitória sobre a morte mediante a glorificação do corpo, com a Assunção, pois a plenitude da salvação cristã é a participação do corpo na glória celeste.

No Rio de Janeiro, a devoção a Nossa Senhora da Glória surgiu no início do século XVII, alguns anos após a fundação da cidade, no ano de 1608. Mas, as origens históricas remontam a 1671. O ermitão Antonio Caminha, natural do Aveiro, esculpiu a imagem da Virgem em madeira e ergueu uma pequena ermida no Morro do Leripe, onde já existia a gruta, formando-se em torno um círculo de devotos.

Iemanjá é o único Orixá que tem sua imagem própria nos Altares, dispensando o sincretismo como acontece com os demais Orixás: Uma bela Mulher, saindo das águas do Mar, com vestimenta em Azul Claro, com o Colo Nu, espargindo estrelas de ambas as mãos. As suas oferendas, lançadas ao mar, contam de palmas, rosas e flores, principalmente na cor branca, champagne, pente, espelhos, alfazema, pó de arroz, maquiagem em geral. Seu metal e a prata e seu dia é o sábado. Sua saudação é “ODOIÁ ODOCIABA”, que significa “SALVE A SENHORA DAS ÁGUAS”.

Iemanjá e símbolo da personalidade feminina, da beleza e da reprodução. Rege também todas as substâncias que se encontram no fundo dos mares. É, também, na vibração de Iemanjá que atuam as famosas Sereias e as Ondinas, seres elementais da Natureza. Na Linha de Iemanjá (3ª LINHA), apresentam-se todas as IABÁS (orixás femininos), Oxum, Nanã, Iansã, e outras. Iemanjá é a energia geradora, representa a mãe do Universo. Quando incorporadas, as entidades dessa linha gostam de trabalhar com água do mar, expressando-se de forma serena. Fazem uso da mecânica de incorporação emitindo sons que são verdadeiros mantras, que são confundidos por lamentos devido à associação do canto das sereias. Nada impede que médiuns homens trabalhem com essas entidades, pois todos têm o equilíbrio dentro de si.

Da linha de Iemanjá provêem as Caboclas das águas, doce e salgada, cujas falanges descarregam e limpam fluidicamente os terreiros e as pessoas que lá comparecem. As entidades evocam as trabalhadoras da linha de Iemanjá com grande freqüência, principalmente nos descarregos e rezas para renovação e geração.

Em termos de popularidade, Iemanjá é o Orixá de maior destaque no Brasil, sendo festejado tanto na Umbanda e cultos africanos, como suas festas atraem crentes de todas as religiões, como nas oferendas de final de ano nas praias de todo o país (esta sim, sem dúvidas, a maior demonstração popular religiosa nas praias do Brasil), porém este dia a reverência se dá apenas pela passagem do ano e abertura do próximo (geração / renovação).

No arquétipo psicológico, os filhos desse Orixá, expandem-se às características insinuadas pela descrição dos mitos e lendas de Iemanjá. Também fica fácil entender os conceitos principais se mantivermos a comparação com o Orixá Oxum (o que é extremamente comum e que confunde por vezes os próprios filhos, de ambos Orixás). Como os filhos da mãe da água doce, os de Iemanjá, também gostam de luxo, das jóias caras e dos tecidos vistosos. Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade de que fazem parte. Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Iemanjá se mostram mais diretos.

A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo. Como são pessoas presas ao arquétipo da mãe, a família e os filhos têm grande importância na vida dos filhos de Iemanjá. A relação com eles podem ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia. São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo (inconsciente ancestral), e costumam, por isso casar ou associar-se cedo e casar várias vezes se for necessário. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano. Apesar do gosto pelo luxo, não são pessoas obcecadas pela própria carreira, sem grandes planos para atividades a longo prazo, a não ser quando se trata do futuro de filhos e entes próximos.

Todos esses dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Iemanjá, como em nenhum Orixá. Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a tentar concertar a vida dos que o cercam (o destino de todos estaria sob sua responsabilidade), e são capazes de fazer chantagens emocionais (mas nunca diabólicas). Os filhos de Iemanjá demoram muito para confiar em alguém, bons conhecedores que são da natureza humana. Quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu verdadeiro e íntimo círculo de amigos, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas. Porém, um filho de Iemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem esquecê-las jamais.

As características principais dos seus filhos são: sentimento maternal, afabilidade e doçura; apego à hierarquia (gostam muito de ordem, hierarquia e disciplina), retidão e alguma rigidez; determinação, responsabilidade, força e ajudam a todos sem exceção. São ingênuos e calmos até demais, mas quando se enfurecem são como as ondas do mar, que batem sem saber onde vão parar. São vaidosos (mais com os cabelos) e geralmente as filhas de Iemanjá têm dificuldade em ter filhos, pois já são mães de coração de todos.

VIGIAI e ORAI sempre, afim de não termos a nossa mediunidade perturbada e nossas vidas desestruturadas, sem rumo, vagando de casa em casa, a procura de um abrigo qualquer sem saber onde estamos. Vamos levantar a bandeira da Umbanda e derrubarmos os preceitos e preconceitos movidos por paixões mesquinhas. Vamos aproveitar cada momento de nossas vidas para fazer jus a ela e agradecer a ZAMBI DEUS tudo o que ele nos dá. ODOIÁ ODOCIABÁ IEMANJÁ NOSSA MÃE RAINHA DO MAR, AO SEU AMOR IRRADIANDO AS NOSSAS VIDAS, RENOVANDO O NOSSO CORPO, OS NOSSOS SENTIMENTOS E NOSSOS LAÇOS FRATERNAIS COM A HUMANIDADE! E que OXALÁ e os BONS AMIGOS DA ESPIRITUALIDADE nos protejam e nos abençoem.

Que assim seja e que cumpramos a nossa parte.

Flávio Costa
Direção Litúrgica.